HENRI SALVADOR...1917-2008

"Queria um sol verde rendas e chaleiras,
fotos à beira-mar no meu jardim de Inverno...almoçar no chão, como ao longo dos Golfos claros beijar-te de olhos abertos no meu jardim de Inverno.O teu vestido às flores, sob a chuva de Novembro as minhas mãos que correm, não aguento mais esperar"...


Hà uns meses atrás assisti a um documentário sobre a que viria a
a última viagem deste grande senhor ao Brazil onde
se deslocara para ir gravar o último trabalho também...
Que recepção magnífica teve por toda a parte por onde passou, a energia que tinha apesar da idade avançada,a simpatia, nunca me passara pela cabeça que a Bossa Nova tinha sido " culpa sua"(muita) e não só dos seus grandes amigos João Gilberto,Tom Jobim...etc...
Sempre gostei muito de bossa nova,mas quando ouvia Henri Salvador
era como se fosse uma versão alegre deste estilo um pouco melancólico, ele sorria quase sempre enquanto cantava, devia ser por isso... :)
soube também nesse documentário que cantava textos de Boris Vian, o que tem tudo a ver, mas Quincy Jones nos arranjos é surpreendente...nunca poderia associá-los!Mas eu costumo dizer que não toco em certos assuntos nem com uma vara de dez metros para não correr o risco de danificar o que quer que seja. Prefiro dizer o quanto gosto das coisas e que efeito têm em mim, afinal é esse desabafo que pretendo e pouco ou nada mais, e a junção deste estilo com a língua francesa é de um romantismo incrível, e não fosse eu uma romântica incurável ! :):):)

E lá partiu mais um Inventor de sonhos...



JARDIN D´HIVER - Henri Salvador -Keren Ann

NÃO É OUTONO MAS PARECE... E GOSTO!!!!

É sempre difícil escolher um poema por entre os que mais gostamos, é um pouco como escolher a roupa para vestir de manhã , seguir os critérios, disposição, temperatura, humor...mas mais difícil.
Assim escolhi este como escolhi uma camisola mais quente por hoje estar um dia mais frio, um dia que parece de outono... :):):)
Um dia que a maior parte das pessoas que conheço associa a tristeza ou a paisagens tristes como o próprio poema o está, já que na colecção do autor se encontra "alojado" na secção"Paysages Tristes,"como adoro a chuva e o vento sorrio sempre num dia assim, sinto a terra à minha volta mais viva e com isso uma
permissão extra para parar um pouco, já que parece que tudo pára também, como se se tratasse de uma tentativa de melhor escutar o recado da mãe natureza.
Gosto das imagens que me vêm logo à cabeça, pessoas a fecharem os guarda-chuvas e a encostarem-se umas às outras nas paragens dos autocarros, como se alguém as pudesse confortar, umas praguejam contra os carros que as molham ao passar, à porta dos cafés olham o céu e reclamam com São Pedro, mesmo assim julgo que têm(quase) sempre pensamentos agradáveis, umas fixam um ponto, outras arrepiam-se quando pensam, chá quente, chocolate quente, pantufas quentes, estar na cama a ouvir a chuva...Sorrio... a menos que algo de muito desagradável se sobreponha a este regra... Nem tudo é mau :):)

Este poema inspirou Serge Gainsbourg numa das minhas canções favoritas deste
(Je suis venue te dire que je m´en vais), sim o poema é triste...não o vento e a chuva de hoje,
e é também perfeito para este dia, por outro lado, considero este "dia de outono" perfeito para

o dia da poesia. :):):)

Chanson d´automne - Paul verlaine

Les sanglots longs
des violons
de l'automne
blessent mon coeur
d'une langueur
monotone
tout suffocant
et blême, quand
sonne l'heure,
je me souviens
des jours anciens
et je pleure
et je m'en vais
au vent mauvais
qui m'emporte
deçà, delà,
pareil à la
feuille morte

ALWAYS MISS THE WATER...

no fim, as saudades
e uma certeza,a de
ter amado muito
também o meu super-pai
a cada minuto,
365 dias por ano...

OH LES REGRETS

Esta canção de Alain Souchon,que adoro,reflecte exactamente o que creio eu que todos sentimos de vez em quando,ao sermos"assaltados"pelo saudosismo...Não me refiro a uma vontade(no meu caso felizmente!)de voltar atrás e emendar o que quer que seja,mas sim,no prazer agridoce de pensar no passado com uma
certa nostalgia,sentindo assim os cheiros,vendo cores,ouvindo sons,essa espécie de "boa dor",mas que mesmo assim não nos poupa de passarmos o resto do dia com a testa franzida sem sabermos muito bem porquê... :):):)

REVISTAS TABACOS SELOS e... MÚSICA AO VIVO!!!

Hoje subi as escadas do parque de estacionamento como quase sempre a falar para os meus botões (ou a trautear? já não me lembro bem, uma das duas), uma canção que gosto ou nem por isso, ou algo de hilariante,ou a indignação do dia, a última antes de desligar o rádio do carro. Ao virar a esquina do Quiosque dos Patinhos(não, não é nome de jardim de infância é mesmo o de um quiosque!) dei o bom dia da ordem à senhora que fuma muito e que me tentara vender um curso de finlandês em segunda mão,um doce!!!Mas,hoje o sol era maior, estava também um senhor sentado ao lado do quiosque... sentado em frente a um órgão eléctrico a tocar!!!A tocar Carlos Paião!!! Haverá cenário mais puro, mais sincero, mais deliciosamente naïf??? haverá certamente... mas este estava ali no local menos esperado, ao pé do rio, os patos de verdade lá em baixo, e este trovador a tocar feliz com ar de quem presta um serviço à própria humanidade, e porque não? Imaginem uns quantos como ele espalhados por aí? Espalhadores de sorrisos... Seguramente salvariam o dia a muito boa gente...Momentos destes,também fazem a vida valer a pena, só pessoas felizes, fazem estas "pequenas" coisas, por sua vez, estas "pequenas" coisas podem fazer felizes muitas pessoas!!!
Continuei o curto trajecto até ao meu destino, com um sorriso, e a trautear com gosto(e disso não me esqueço) uma canção que por acaso nem gosto..."então bate bate coração louco louco de emoção"...

À hora do almoço o cenário repetiu-se... do quiosque até ao carro: "stuck on you got this feelin´ down deep in my soul that i just can´t lose... guess i´m on my way...":):)